Início Menor Abandonado Vate O Inferninho Delfim

domingo, 7 de novembro de 2010

Sinopse

"Vate, a última semana de um Poeta" é o apanhado de escritos no espaço de tempo de uma semana na iminência da morte do Poeta Carlos Vate onde seus testemunhos, o medo de sua morte, os sentimentos de imortalidade através das palavras e suas derrotas são despejados em versos. Carlos Alves, amigo e confidente encontra os últimos escritos no quitinete onde morava o Poeta recém-falecido em folhas jogadas, rasgadas, amassadas espalhadas e esquecidas pelo chão e decide catalogar, ordenar cronologicamente, inventariar e reconstruir os versos perdidos e levar ao lume este testemunho de fuga da morte, pensamentos, alucinações e devaneios...
Versos Soltos não é uma poesia e sim um apanhado dos melhores versos, melhores momentos da última semana de Vate... versos apartados de seu resto, de sua ente, e que apesar de soltos ainda trazem o seu todo. Uma fileira de um cromossomo que gera novos significados. Só para constar: Versos Soltos não foi idealizado assim apartando das poesias por Carlos Vate e sim por mim, pois achei nestes pedaços de poesias vários significados e deslumbramentos que só é possível apanhar nesta forma separada. Segue então alguns Versos Soltos:

***
Naquela folha jogada ao relento
Há um coração despedaçado
Arrasado e tentado pela pena
Que o furou castigando com tormenta
E da tinta do sangue retirado
Vingou, por simples vingança, um poema.

***
Poetas que fecundam as palavras
Com seu gozo de contemplos
Com sua quimeria fantástica
Suas figuras estilísticas
Suas metáforas e metomínias
Que vivem e que crescem
Germinadas em flores como a do Lácio
E o que nasce
De tão insufladas emendas
São filhos do silêncio
Calados. mas tudo dizendo
Parados. girando num contenha...
Mil mundos dentro de um poema!

Calados? Sim! pois os poemas são mudos
Eles apenas gesticulam sussurros
Palavras ritmadas por um tácito óbvio
rimadas que plantam sementes
remadas no oceano da mente
Descrevendo relevo no leito dos olhos
De um livro que liberta
De suas folhas abertas 
Conduzidos via nervo óptico
Poemas cristalizados
Cromossomos palavras
Na condição de óvulos
Presos e congelados
Em tempo letárgico
Vivos, mas quase mortos
Que esperam latentes
Um cérebro infectar
Para evoluir ao zigócito
De sua hibernação despertar
E poder poesia brotar